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DISCURSOS DIRETOS - Diálogos sobre o multiculturalismo religioso




            imaginário. É por isso que não existe nenhum consenso    Lentamente. Meticulosamente. Tediosamente. O amor,
            em relação à fé. E é trágico. Nós precisamos superar o   no entanto, é paciente. E nunca falha. Nós é que falha-
            teísmo. Cristãos, muçulmanos, judeus, hindus e outros.   mos em amar, algumas vezes.”


            Eu não odeio ninguém, independentemente de sua cren-
            ça. Eu os vejo como vítimas, como eu mesmo, da tradi-
            ção, ignorância, ou do que quer que seja. A educação,
            eu acredito, é a única que salva. Porque só ela nos per-
            mite entender o nosso propósito e quem somos: seres
            humanos que merecem/precisam de AMOR (veja o ex-
            perimento com macacos do Harry Harlow sobre amor).


            Somos complexos e fascinantes, e precisamos parar de
            lutar e começar a amar uns aos outros. Incondicio-
            nalmente.


            O 11 de setembro “sacudiu” os americanos
            e contínuos  ataques terroristas também  o
            fazem, mas os muçulmanos não são os cul-
            pados. O teísmo é. A ignorância e o ódio são.
            Nós precisamos frear isso. Nos pronunciarmos.
            Falar entre nós mesmos até que todo o mundo
            seja pacífico e um habitat próspero para a huma-
            nidade.

            Eu acredito perfeitamente que o amor é aprendido.


            Eu não o aprendi enquanto crescia, já que mi-
            nhas famílias não eram carinhosas. Eu o tenho
            aprendido por meio de outras coisas... Teste-
            munhando-o para meus amigos, na tela da
            TV ou do cinema e muito mais. Eu tenho um
            atraso de desenvolvimento muito parecido com
            o do Jack na história do filme O Quarto de Jack
            (Room). Minha realidade enquanto eu crescia não
            correspondia com o mundo real. Eu tinha opiniões er-
            rôneas e más adaptações que precisei corrigir enquanto
            aprendia o que elas eram. Com o tempo.”





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