Page 3 - Khalil - gibi
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Caro Leitor,
Quando tivemos a ideia de escrever um
gibi voltado para o público infanto-juvenil,
eu e minha equipe nos debruçamos sobre
uma questão extremamente importante:
qual história iríamos contar? Como faríamos
para explicar nossa religião, tão envolta de
preconceitos, de uma forma interativa e lúdica
para o público?
Eis que me veio a ideia de criar o Khalil, um
menino muçulmano, pré-adolescente, que
gosta de jogar bola com os amigos e de ser
como uma criança comum: feliz e brincalhona.
Inclusive, esta foi mais uma de nossas preocupações: o Khalil é um brasileiro, sem
quaisquer traços árabes, que segue a religião dos pais e acredita naquilo que professa.
Nossa pretensão com este gibi é a de explicar para as crianças, os
adolescentes e aos pais que a nossa religião busca somente a paz e não faz de nós
pessoas diferentes.
Quando pensamos no enredo, imaginamos o Khalil lidando com o preconceito
por parte de alguns colegas, mas, não paramos por aí, queríamos mostrar o que, de
fato, acontece na vida real: várias outras crianças que também se sentem mal por não
se sentirem parte do grupo de amigos descolados da escola.
Minha história ilustra exatamente o que quero abordar com este gibi.
Sou brasileiro e filho de libaneses. Quem olha para mim não tem dúvidas sobre
minha ascendência. Professo a mesma fé dos meus pais: sou muçulmano. E, por
desinformação, não só eu, mas muitos membros de nossa comunidade, sofrem ou já
sofreram algum tipo de preconceito.
O preconceito contra o muçulmano é chamado de islamofobia. É o ato aberto
ou velado de rejeição ao praticante da fé islâmica, muitas vezes pelo desconhecimento
do que é o Islam. E reduzir a islamofobia é um dos nossos maiores desejos. Como
isso seria possível? Pela informação, educação e o esclarecimento. Outra forma de
combater o preconceito é mostrando a verdadeira vocação do Islam: a solidariedade.
Quando as religiões querem se conhecer e dialogar descobrem que não se
trata, apenas, de combater a intolerância religiosa. Juntas, elas podem atuar, até, na
construção de uma sociedade melhor, mais justa e humana.
Para isso eu desejo uma ótima leitura e que desfrutem dos aprendizados que
dispusemos aqui sobre nossa tão amada religião.
Ali Hussein El Zoghbi
Vice-Presidente
Federação das Associações
Muçulmanas do Brasil - FAMBRAS
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